Desde o momento da sua criação, o Dia das Mães foi pensado como uma grande homenagem. Começou em 1905, com uma filha que queria relembrar a história da mãe, falecida há alguns meses. Foram seis anos lutando para que a data fosse oficializada até que, hoje, é difícil imaginar um calendário sem essa comemoração. No Brasil, é celebrado no segundo domingo de maio e, apesar do viés comercial, nunca deixou de ser um momento para celebrarmos junto a quem amamos.
Essa ligação é construída desde o início de nossas vidas. Como cuidadora primária, a mãe tem um papel fundamental nos anos iniciais. Devido à proximidade gerada pela amamentação, consegue passar para a criança todo o cuidado e afeto utilizando apenas o toque e a voz. É quem aparece para resolver as necessidades mais primitivas, como fome, frio ou medo. É quem, aos poucos, o bebê começa a identificar como sua protetora.
Primeiros meses
Para o pediatra e psicanalista D. W. Winnicot, a maioria das mães consegue estreitar bastante as relações com o bebê nessa fase da vida, gerando uma sintonia afetuosa. Por isso, é necessário criar um ambiente que gira em torno do desenvolvimento conjunto, no qual as mães podem utilizar a sensibilidade para se adaptar e entender os pedidos do filho.
“Cada bebê é uma organização em marcha. Em cada um há uma centelha vital, e seu ímpeto para a vida, para o crescimento e o desenvolvimento é uma parcela do próprio bebê, algo que é inato na criança e que é impelido para frente”, diz Winnicot. Nessa época da vida, as redes cerebrais estão em pleno desenvolvimento e começam a formar as conexões onde são registradas as memórias. É por isso que, mesmo que não nos lembremos, muitos dos nossos medos e reações começam a ser criados nessa época.
Outra característica importante desses primeiros meses é o início da fase oral. A criança já está sendo amamentada e começa a utilizar a boca para identificar o mundo ao seu redor, utilizando o dedo, chupeta ou mesmo os objetos que estiverem por perto. Todos esses dados são armazenados na rede de memórias interna, responsável pela comunicação, socialização e relacionamentos. A mãe tem o papel de orientar a criança, de modo que os estímulos sejam realizados de forma adequada.
É por isso, também, que não se recomenda demonstrar tristeza, raiva ou descontrole perto do filho. Como tudo está sendo armazenado, o bebê busca o apoio da mãe em todo momento. Se ele for instável, desequilibrado ou agressivo, isso logo será refletido em suas próprias atitudes.
Cuidados com a criação
Apesar disso, essa proximidade não significa que a criança deve ser exaltada a todo o momento, criando seres mimados e sem controle. Segundo a psicóloga Emma Adam, da Universidade Northwerstern, nos EUA, é impossível “estragar” um bebê com amor atenção e afeto, porém essa nova figura requer atenções especiais.
Por isso, procure ficar com seu filho enquanto for possível, nem que seja apenas nos momentos-chave, como a alimentação, o banho e a hora de dormir. São nessas horas que ocorrem as trocas de olhares e carinhos, que marcarão a criança para sempre.
Esse acompanhamento continuará para sempre. As crianças ainda dependem do apoio emocional dos pais para se sentirem seguras ao explorar o mundo. Sai o controle constante de quando eram bebês e entra o estímulo à autonomia e à independência. São processos diferentes, mas que fazem parte do processo de formação. E a mãe, mais do que ninguém, tem papel fundamental nisso.
“Você conhecerá o seu filhinho por causa do seu amor e orgulho. E então, você o estudará minunciosamente para dar-lhe todo o auxílio de que necessita, auxílio que ele só pode obter da pessoa que melhor o conhece, quer dizer, de você, que é a mãe dela”, finaliza D. W. Winnicot.